Agradecemos ao tradutor 🇧🇷
O Sr. Louis Hubert Remy (com seus satélites: ACRF, Catholicapedia, Edições Saint Remi) respondeu duas vezes ao que escrevemos sobre a pseudo-retração do Bispo Guérard des Lauriers. De fato, uma vez não foi suficiente, pois o Sr. Remy achou necessário obter informações do Sr. Denoyelle (que foi o primeiro a divulgar a pseudo-retração) para descobrir mais. Queremos agradecer publicamente ao Sr. Louis Hubert Remy (N. do T.: E aos seus acólitos que traduzem seu material para PT-BR) : não só pelos insultos direcionados a nós (alguns dos insultos: desprezíveis, mentirosos, desonestos, caluniadores, blasfemadores, guru, fossa de impureza, etc.) como pelos desejos direcionados também (o que foi desejado: “Padre Ricossa está destinado a ser vomitado por Deus e ter uma morte ruim”), mas também por seu interrogatório do Sr. Denoyelle, do qual aprendemos:
- Que o original da “carta” de Dom Guérard des Lauriers não existe (mais). O original, caro Sr. Remy, não é uma fotocópia, muito menos uma digitalização de uma fotocópia, que, como todos sabem, pode ser facilmente adulterada.
- Que a data da “carta” não existe. No entanto, a data é decisiva, pois há escritos e declarações públicas de Mons. Guérard des Lauriers que testemunham sua fidelidade à Tese de Cassiciacum: sua entrevista na Sodalitium nº 13, maio de 1987 [em espanhol: http://integrismoover-blog.com/article-documents-50950108.html]; sua declaração antes da consagração em 25 de novembro de 1987, por exemplo. Se a carta fosse anterior a essas datas, a teoria da “retração” provaria ser falsa
- Que a pessoa que teria recebido a “carta” está morta (e, portanto, não pode negar ou confirmar) e o Sr. Denoyelle não dá o nome.
- Que o estudo (étude) de Denoyelle que teria convencido Dom Guérard não existe (mais).
- O referido estudo, segundo o próprio Denoyelle, não era um estudo, mas uma série de citações de outros autores (Dom Farges, Mauro Cappellari, depois Gregório XVI…). Já a “carta” fala de um “estudo” de Denoyelle e suas conclusões, desconhecidas para nós.
- Finalmente, é totalmente impossível que Mons. Guérard tenha mudado de opinião devido à citação de Mons. Farges sobre a real (não a razão) distinção entre matéria-prima e forma substancial.
De fato, mesmo um estudante de filosofia do primeiro ano sabe que matéria-prima e forma substancial, embora realmente distintas, não são realmente separadas. Mas qualquer estudante de filosofia do primeiro ano também sabe que a segunda matéria (o composto de matéria prima e forma substancial, por exemplo, Pedro) pode muito bem existir sem forma acidental (por exemplo, ser Papa). Sobretudo porque -releia a entrevista com o Padre Guérard- a Tese não fala tanto da matéria ou da forma do Papa, mas do Papa materialiter (do ponto de vista da matéria) e do Papa formaliter (do ponto de vista da forma); de um eleito do conclave, isto é (papa materialiter) que, por causa de um obstáculo, não recebeu de Cristo o aspecto formal do Papado que o constitui Papa (“estar com Ele, por parte de Cristo”).
A objeção baseada na inseparabilidade entre a matéria-prima e a forma substancial era bem conhecida do padre Guérard, de modo que é impossível que o fato de tê-la visto reproduzida em uma citação de Farges pudesse ter produzido uma mudança de opinião, especialmente quando o padre Guérard era membro da Academia de Santo Tomás assim como o bispo Farges e, além disso, professor da Pontifícia Universidade Lateranense, e não estudante de filosofia do primeiro ano.
Temos uma certeza: o Bispo Guérard des Lauriers sempre defendeu a chamada Tese de Cassiciacum, e isso até o fim de sua vida, e nunca disse que a havia retratado, nem para nós, nem para o Sr. Remy nem para seus amigos que visitaram-o no hospital (ninguém tentou “manipular” o Bispo Guérard, caro Sr. Remy, pelo menos não nós). Contra essa certeza, teríamos uma carta que não existe mais, enviada a não se sabe quem, escrita não se sabe quando, na qual se fala de um estudo (étude) que não é um estudo, e que em todo caso não já existe, baseado em um argumento infundado e também bem conhecido de Monsenhor Guérard. E que a pessoa que teve tal “prova” da “retração” de Mons. Guérard para se converter às teses de Denoyelle (não se sabe qual), esperou 30 anos para dar a conhecer ao mundo. Acreditar, por esses motivos, em uma retratação do Bispo Guérard, é como acreditar em burros voadores. Mas, mesmo que os burros estivessem voando, não vemos razão para “retratar” uma tese que é provada, mesmo neste caso, sempre verdadeira e nunca refutada. Por outro lado, o Sr. Remy, um especialista na escola contra-revolucionária e antiliberal em virtude de sua biblioteca de 10.000 volumes (embora muitas vezes confunda católicos antiliberais com “tradicionalistas” fideístas do século XIX), publicou, sem comentários e sem críticas, o argumento de Denoyelle de que a Sodalitium não seria uma revista séria:
“Vous évoquez l’abbé Ricossa et ses con frères. Il y a de nombreuses années déjà, certos artigos publicados par eux faisaient scan dale. coupables chaque année lors de notre fête de Pâques. C’était la reprise presque littérale de l’accusation não les premiers chrétiens avaient fait l’objet de la part des païens. líder déjà assez contre l’Église (notam ment dans la ‘enciclopédia judaica’).
Tradução: “Você menciona o padre Ricossa e seus colegas. Muitos anos atrás, certos artigos publicados por eles causaram um escândalo. Estou pensando em particular na acusação de assassinato ritual de crianças e canibalismo, de que os judeus seriam culpados todos os anos durante nossa celebração da Páscoa. Foi o reavivamento quase literal da acusação a que os primeiros cristãos foram submetidos pelos pagãos. Ao publicar coisas infundadas, os ataques que os judeus já fazem bastante contra a Igreja (particularmente na “Enciclopédia Judaica”) são favorecidos.
O que é escandaloso é que católicos que não são modernistas (muito mais: católicos “antiliberais”, como L. H. Remy os define) podem equiparar a questão levantada por Denoyelle com calúnias anticristãs. Convém recordar que a Igreja já se pronunciou sobre o assunto em várias ocasiões, entre outras pela Bula “Beatus Andreas” do Papa Bento XIV, e que a Igreja venera muitas dessas crianças como beatas. Quanto às autoridades históricas, basta mencionar Dom Benigni e, do lado judeu, o professor Ariel Toaff em sua obra “Pasque di Sangue” (Páscoa de Sangue). Ao transcrever sem qualquer comentário crítico as declarações de A. Denoyelle, L. H. Remy e seus acólitos lançaram o mais profundo e irrevogável descrédito em sua qualificação especializada da escola católica antiliberal.
Para terminar. Repetimos novamente: obrigado, Sr. Remy e companhia limitada do Brasil! Não poderiam demonstrar melhor a veracidade da Tese e o diletantismo de seus detratores.
Verrua, 28 de janeiro de 2020